Diferenças Entre Moda Comercial e Conceitual

Como a temporada de desfiles do próximo verão já começou no Brasil, resolvi hoje falar sobre as diferenças entre desfiles prêt-porter x alta costura e desfiles conceitual x comercial. Afinal, quem gosta do assunto acompanha milhares de semanas de moda diferentes em todo o mundo e, muitas vezes, não sabe distingui-los.

Desfile Conceitual x Comercial

Desfile conceitual é baseado na Arte Conceitual, onde o conceito está por trás da obra artística. É aquele super extravagante que a gente fica horrorizada se perguntando como alguém iria sair na rua com tamanha aberração. Mas, o pior é que o efeito que o estilista quer causar é esse mesmo. É óbvio que ninguém vai sair na rua com um pano enrolado na cabeça, porque o que o estilista quer mostrar ali é apenas o conceito da sua coleção, a sua arte expressada nas roupas e nos acessórios.

Curiosidades

Curiosidades

E os maquiadores e cabeleireiros também acabam aproveitando para expressar a sua arte junto com o estilista. Quem viu o último desfile da coleção Resort Chanel 2013 no Palácio de Versalhes na França pode ter ficado chocado. Afinal, as modelos estavam todas vestidas com roupas a la Maria Antonieta. Mas, Karl Lagerfeld já é conhecido por gostar de chocar, só que nem por isso as suas roupas e acessórios deixam de serem objetos de desejos.

O desfile comercial, por sua vez, é aquele mais comportadozinho, com aquelas roupas que a gente ama já de cara e usaria na hora. Ele está ali para expressar a arte do estilista também, mas já algo menos teatral e mais usável.

Desfiles de Alta Costura x Prêt-Porter

Os desfiles de alta costura (haute couture em francês) são aqueles que acontecem duas vezes por ano (janeiro e julho) em Paris. E não é todo mundo que pode sair por aí dizendo que faz roupa de alta costura não viu? Só pode usar esse termo quem atende aos critérios estabelecidos pela Câmara Sindical da Alta-Costura, criada no século XIX. Esse é um termo protegido juridicamente e pertence a um seleto grupo de estilistas que gastam pequenas fortunas para colocarem suas obras de arte nas passarelas e o único estilista brasileiro que faz parte da alta costura é Gustavo Lins.

As roupas da alta costura são todas feitas à mão e quase que exclusivas (um mesmo vestido só pode ter duas clientes diferentes e de continentes diferente) e são desfiladas por 25 modelos. Já os desfiles de prêt-porter são aqueles aonde as roupas são feitas em escala industrial e, algumas vezes, são inspirados nos da alta costura. Acontecem mais de duas vezes por ano e não são restritos a poucas clientes como acontece com a alta costura.

Às vezes, os desfiles de alta costura são meio conceituais e exagerados, mas eles também podem apresentar verdadeiros vestidos de desejo dos sonhos. Tudo depende da criação do estilista e do seu desejo.

Pret Porter

Pret Porter

Assim como na Arte conceitual; que considera a ideia e o conceito os aspectos mais importantes por trás de uma obra artística, a moda também usa dessa estratégia para a elaboração (de algumas) de suas criações. A moda conceitual é utilizada pelos estilistas para comunicar e expressar suas ideias, conceitos e criatividade acerca dos produtos – onde o que verdadeiramente  importa é o tecido, o corte, a inspiração, pesquisa e a história que há por trás.

É por isso que muitas vezes nos deparamos com revistas e imagens de desfiles e achamos horripilantes, estranhas, muitas vezes ridículas e como muitos gostam de dizer “nada a ver”. Todavia, isso é moda conceitual! O maior interesse de quem a faz, não é vender, mas sim passa uma ideia, uma mensagem, uma proposta, que ainda não foi adequada para a moda comercial (falaremos logo abaixo). E como? Através das roupas, cenários, músicas e maquiagens.

Tudo na base do exagero [por vezes caricato], do espanto, da admiração, fazendo com que o espectador pare, pense e tente entender. Além de mostrar o quão original, inovadora, tal marca estilista, pode ser. Digamos que é a licença poética da Moda.

Algumas das criações desfrutam da moda conceitual, foi por razões óbvias, já que o maior objetivo das marcas atuais é obter lucro. Quem iria sair na rua com um vestido, apesar de lindo, todo espalhafatoso de Alexander McQueen ou John Galliano?!

Vale a pena destacar que no Brasil não são todos que lançam Moda Conceitual. Entre todos, podemos destacar Lino Villaventura e André Lima como alguns. E há aqueles que conciliam as duas vertentes, dentre eles estão o digníssimo Ronaldo.

Agora, se algum espertinho vier dizendo que moda é coisa de doido, que suas criações são malucas e que ninguém usaria, além de Lady Gaga. Você pode responder, sem sombra de dúvidas, que não é assim. Reforço a ideia de que podemos fazer uma analogia entre a Moda Conceitual e a licença poética.

Para terminar um dos maiores estilistas de todos os tempos, e símbolo da moda “doida”, o inglês Alexander McQueen (que faleceu em 2010), para quem não o conhece ele ainda é famoso e podia ser visto em quase todos os desfiles, era famosos por exibir figurinos que mostravam coisas absurdamente diferentes e esquisitas. Uma frase que ele mesmo dizia era: “Meus desfiles eram provocantes por uma razão: a necessidade de se fazer notar. Eu não preciso mais fazer isso, mas ainda acredito que tenho os meus 20 minutos para chamar a atenção das pessoas. Você pode não gostar do que faço, mas ao menos o que faço leva você a pensar.”

Assim como na Arte conceitual; que considera a idéia e o conceito os aspectos mais importantes por trás de uma obra artística, a moda também usa dessa estratégia para a elaboração (de algumas) de suas criações. A moda conceitual é utilizada pelos estilistas para comunicar e expressar suas ideias, conceitos e criatividade acerca dos produtos – onde o que verdadeiramente  importa é o tecido, o corte, a inspiração, pesquisa e a história que há por trás.

Mas… se você vir algo muito interessante e tiver coragem pra encarar, qual o problema, não é? Vai que “aquilo” combinou com o seu style. Nesse caso, só me cabe desejar boa sorte!

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