Anos 90 e Séc.20
Anos 90
Até a metade da década de 90, o exagero dos anos anteriores ainda influenciou a moda. Foram lançados, por exemplo, os jeans coloridos e as blusas segunda-pele, que colocaram a lingerie em evidência. Isso alavancou a moda íntima, que criou peças para serem usadas à mostra, como novos materiais e cores. Essa foi uma década marcada pela diversidade de estilos que convivem harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, produzindo peças para cada tipo de consumidor e para todas as ocasiões. Entretanto, vale à pena ressaltar o Grunge, que impulsionado pelo rock, influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com seu estilo despojado de calças e bermudões largos e camisas xadrez da região de Seattle, berço destes músicos. A camisa xadrez, aliás, foi uma verdadeira coqueluche presente mesmo nos armários dos rapazes mais tradicionais, os mauricinhos.
Nesse século que viu passar guerras, modismos, ápices, quedas e crises, surgiu uma consciência de se resguardar para o futuro. A preocupação ecológica ganhou status e fez com que países e populações conscientes exigissem mudanças por parte dos governos e fabricantes de bens de consumo. É bem lembrada a atitude do Príncipe Charles que proibiu sua então mulher, Diana, de usar laquês para cabelo que contivessem CFC. As propagandas passaram a agregar esses valores a seus produtos, de forma a atingir os consumidores que buscavam muito mais do que preços e novidades. Na segunda metade da década, a moda passou a buscar referências nas décadas anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e em seguida dos 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente desproporcionais), tudo mesclado à modismos dos anos correntes.
Século 20
Este é um novo século, sinônimo de novas tendências. Os anos 2000 e 2001 tiveram a influência da moda dos anos 80, com alguma influência, ainda, dos anos 50. A moda estava sem “fornecedor” de inspiração pois já se tinham inspirado em todas as épocas e tentaram procurar “o novo”, “o atual”. É em busca do atual que se fazem, por diversas vezes, concursos de moda, para serem aí descobertos novos talentos. Estas são também as oportunidades dos estilistas mostrarem a sua capacidade criativa.
Um Novo Século: Anos 2000 e 2001
A seqüência de releituras que começou no final dos anos 90 não foi interrompida. O ano 2000 e 2001 trouxeram os anos 80, com pitadas dos anos 50 para as vitrines de todo o mundo. Sem mais décadas anteriores para buscar referências, a moda encontra-se em um beco sem saída. A busca pelo novo é uma tendência da atualidade, e é justamente por isso que a todo o momento são realizados concursos de moda, visando descobrir novos talentos. Para criadores não poderia haver melhor oportunidade para mostrar sua capacidade. Com um consumidor que deseja novidades, mesmo lojistas de diversos tamanhos encontram mais espaço para criar. No âmbito internacional, isso gerou um estilo brasileiro de produzir moda que cada vez mais conquista espaço no exterior.
A partir da metade da década, a moda passou a buscar referências no passado, através dos anos 50, 60 e 70. Apesar de tantas releituras, os movimentos culturais também marcaram a época, como o grunge (inspirado no rock de Seattle), o estilo “clean” (roupas básicas, ajustadas e com pouca ornamentação) e o estilo esportivo (uso de listras e inspiração nos esportes, que trouxeram para o dia-a-dia os tecidos inteligentes). No início do ano 2000 foi a vez da década de 80 servir como fonte de inspiração para os criadores.
Supermercado de Estilos: Anos 90 e 2000
Nessa década começou um processo de revivalismo, ou melhor, de nostalgia da moda, segundo Palomino (2001). Imagens e formas começaram a ser reproduzidas. Os anos 90 pareciam fragmentados e com múltiplas idéias de moda pulverizadas. Observava-se uma mistura de tendências num estilo retrô, que trouxe de volta elementos característicos de outros momentos, mas ao mesmo tempo surgiam estilos bastante vanguardistas. Observava-se também uma mistura de simplicidade com extravagância e excessos. E, dessa misturava de elementos das mais diversas épocas, resultava que tudo estava em voga e a globalização parecia realmente ter invadido as passarelas. Mulheres e homens podiam usar tudo, saias curtas e longas, blusinhas e blusões, etc. As tendências pareciam ser universais e os paradoxos reinavam. Os modismos obedeciam a um intervalo menor de tempo. Eles chegavam, estouravam e logo eram substituídos. Podemos dizer que existiam ondas e não tendências. Nessa cultura comandada pela lei da renovação acelerada e do sucesso efêmero parece que a instabilidade dos gostos reinava em toda parte. Foi nessa fase que o caminho parece ter começado a se inverter: As modas começavam a sair das ruas para as passarelas. Mas se, por um lado, a moda das ruas ditava as regras, por outro, reinavam as luxury brands (marcas de bens de luxo).
Nos anos 90, o confronto entre os sexos diminuiu e o homem começou a se permitir ser vaidoso como a mulher. Na sua intimidade admitiu ter mais sentimentos dentro de si, assim como mais cremes em seu banheiro. Mas, apesar de as mulheres terem parado de lutar para tentar ocupar o lugar dos homens, elas agora lutavam contra a balança na tentativa de atingir os altíssimos padrões de beleza das top models. Essa onda teve que ser aplacada, após um pedido do presidente dos EUA, Bill Clinton, para que as modelos fossem retratadas de modo mais saudável para não influenciar no desenvolvimento de anorexia. Nos anos 2000, ao contrário do que pensávamos nos anos anteriores, começamos a década, o século e o milênio sem estarmos vestidos com roupas espaciais. Mas o que está acontecendo com a moda nos tempos atuais? Estamos vivendo o fim de uma moda? O que podemos dizer é que o mundo contemporâneo se divide entre dois tipos: o dos que seguem as tendências e obedecem à moda, comprando peças da estação, e o dos que fazem questão de subverter as regras, tendo estilo e atitude. O primeiro é o dos fashion victims (vítimas da moda), ou melhor, dos que andam “fantasiados” com o look do momento. O segundo é aquele que deseja desafiar as categorizações, apelando para uma “antimoda”, mas que acaba se fantasiando de outra maneira e assim criando uma nova moda. Ou seja, pelo menos por enquanto não há por que se falar em fim da moda.