Muitas pessoas podem até não aceitarem serem “escravas da moda”, mas sabem da necessidade da mesma no mundo atual. No princípio, a moda tinha três funções específicas: status, frio e cobrir o corpo. As funções da vestimenta não mudaram muito desde então, mas a moda a cada dia que passa tem o desafio de se fazer desejada pelo público.
Como Surgem as Tendências
No princípio da história da moda, não havia a divisão de tempo como há, nos dias de hoje. As modas eram lançadas pelos nobres, e os pobres deveriam usar roupas confortáveis o suficiente para o trabalho braçal. Com o surgimento da burguesia, os nobres começaram a se preocupar com o seu status. Por sua vez, os burgueses, para entrar na sociedade, imitavam as vestes dos nobres e os nobres, para não serem confundidos com os burgueses, mudavam suas vestes. A partir daí surgiu à necessidade da mudança de tendência. Desde então, a moda desenvolveu dois meios de lançamento de tendência. Para entender como funcionam esses meios, temos que saber que a sociedade, para o mundo da moda, funciona da seguinte forma: comparemos a sociedade com uma pirâmide, onde no topo encontram-se as pessoas mais influentes (artistas internacionais, realezas), em seguida as pessoas mais próximas dos anteriores (blogueiros, jornalistas, profissionais da moda, formadores de opinião), em seguida encontram-se a mídia e marcas independentes que começam a reproduzir a tendência. Após a mídia e marcas independentes vêm as marcas menores e seus consumidores e a massificação em geral. De acordo com essa pirâmide, há duas maneiras de um estilo se tornar tendência.
A menos comum, o bubble up, dá-se com o surgimento da população em massa para o topo da pirâmide. Um exemplo de estilo que surgiu “na ralé” e ganhou a cabeça de alguns famosos são as brasileiríssimas Havaianas e os estilos punk e grunge. O efeito trickle-down é o mais comum, onde um famoso surge com um estilo e, seguindo a ordem da pirâmide citada anteriormente, o estilo se torna uma tendência. As tendências que surgem a partir de uma novela encontram-se nesse efeito, onde o estilo é lançado por uma mídia (no caso a televisão) e vai crescendo até que o estilo ganhe as ruas em geral e se massifique. Geralmente os estilos que surgem em novelas não atingem a “alta sociedade”, ganhando número maior nas classes C e D. Esses estilos por sua vez nem sempre são apenas vestimentas, podendo ser corte de cabelo, unhas e até bijuterias. Vejamos agora algumas tendências surgidas em novelas que saíram ou não de moda.
Cabelo Platinado, Franjão
Na novela “Cobras e Lagartos”, a atriz Carolina Dieckman representava Leona, uma mulher poderosa que alcançava seus objetivos com seus cabelos loiro platinado. A cor era rejeitada pelas mulheres por ser considerado vulgar, até surgir uma representação na mídia que a mulher pode ser sexy, poderosa e elegante com o cabelo quase branco.
A atriz Alinne Moraes sempre foi considera bonita, mas ditou moda ao interpretar a vilã Silvia em “Duas Caras”, que usava um cabelo liso com um franjão que quase alcançava os olhos. A cor e o corte de cabelo viraram febre nos salões de beleza em 2008, época em que a novela foi exibida.
Tendência Árabe
Em 2001 a novela “O Clone” deu o que falar. Além de tratar de um tema inovador à época para a ciência (a clonagem), a trama trazia para o horário nobre as tradições e culturas do Marrocos. A personagem principal Jade, interpretada por Giovanna Antonelli, ajudou a marcar a maquiagem dos olhos marcados. A maquiagem simples e fácil de ser feita com iluminador, sombra e delineador ganhou às ruas deixando os homens loucos com a sensualidade feminina. A novela também trouxe como moda (que muitos não querem rever) as pulseiras-anel, muito usadas pelas mulheres marroquinas. Outra febre da novela foi à dança do ventre, fazendo que as mulheres lotassem as academias para aprender essa “nova” técnica milenar que ganhava destaque nas terras brasileiras.
Mulher Moderna e Fashion
Atualmente no ar em “Salve Jorge” com a delegada Helô, Giovanna Antonelli ratifica a opinião de mulher poderosa, moderna e fashion. Com blusas sociais de tecidos leves e calças pantalonas compondo seu visual, o estilo da delegada vem ganhando os guarda-roupas femininos, principalmente o das empresárias.
Vilãs na Moda
Dizem as más línguas que as vilãs ajudam a fixar melhor uma tendência, e isso vem sendo comprovado. A moda clean ganhou vez junto com uma das maiores vilãs da dramaturgia brasileira: Carminha. A vilã de “Avenida Brasil” fazia seus crimes se fazendo de inocente para o marido vestindo roupas sociais, brancas e sempre na etiqueta. Com o término desta novela, “Salve Jorge” trouxe uma vilã de peso. A vilã Lívia, chefona da máfia de tráfico de mulheres, veio reafirmar o estilo já imposto por Carminha. Esse estilo clean e sofisticado vem para contradizer o interior com o exterior, como se representasse que nem sempre a roupa mostra quem a pessoa é. Uma vilã que também ditou moda foi Yvone, a psicopata de “Caminho das Índias”. Sempre que aparecia nas telinhas, a vilã vinha com um batom rosa claro, mostrando-nos seu ar “inocente”. O batom virou febre e a emissora recebeu várias cartas e emails pedindo a o nome e a marca do batom. A vilã Laura de “Celebridade” marcou seu lado “cachorra” com os lencinhos no pescoço que muitas mulheres aderiram e usam até hoje para disfarçar um pescoço longo ou apenas por charme.
A Moda se Renova
Há quem pense que a moda de um brinco só é recente, mas a moda vem desde o ano de 1980 com a personagem Sandra de Glória Pires em ”Água Viva”. Sandra usava um brinco pequeno em uma orelha e um raio dourado na outra, tornando febre entre as mulheres entre outros símbolos grandes que ela usava na orelha. Da mesma novela e da mesma personagem também ficou na moda a bolsa de franjas, que vira e mexe no inverno ganha o gosto feminino. Vimos que a mídia influencia direta e indiretamente no comportamento, opiniões e tendências. Mas há a opção de o público em geral virar essa pirâmide e ditar o que é necessário, ético e o que é moda, tornando a realidade das ruas tema das mídias.